domingo, 8 de abril de 2012

Grupo Negaça Capoeira: Significado e Simbologías



      A palavra negaça significa genericamente: “1 engodo; isca; 2 gesto; movimento ou comportamento para atrair ou provocar alguém, enganando ou iludindo; 3 não aceitação; recusa”. Assim como a palavra negaciador quer dizer: “1 o que faz gestos para atrair alguém; que ou o que provoca”, bem como a palavra negaciar seria: “ 1 atrair, provocar com ofertas ilusórias ou enganadoras; 2 recusar; negar; fazer negaças” (2006:1173, Dicionário da Língua Portuguesa. Porto Editora).
       
      Se o significado da palava negaça estivesse contido com clareza nesses engodos todos, teriamos que nos perguntar quem seria o virtuoso senhor detentor da resolução dessa questão. Mas como isso não se mostra possível, pois há pelo menos 7 significados somente para a palavra negaça que não nos permite entender com clareza a mesma. Assim como várias palavras sinȏnimas que cansa os olhos de quem busca o siginificado negaciador. E de igual modo acontece com a palavra negaciar, onde percebe-se em torno de 9 outras palavras que só nos remete à algo repetitivo… Mas não podemos exigir muito dos dicionários, apesar de nos contocermos para desejar entender que algo não está claro.
      
      Para nós outros do mundo capoeiristico, entretanto, a palavra negaça, mas sobretudo negaciador e negaciar, quando em intrínsica relação com as engenhosidades comportamentais do capoeirista no jogo, sejam físicas ou psíquicas, se ampliam de sobremodo. Mostrando-nos um leque gigantesco de possibilidades para o negaciador, entendido por este ângulo como o próprio capoeirista. Tanto quanto o ato de negaciar por ele apresentado, seria uma negação tecnico e ao mesmo tempo estético-simbólico a fim de que com ofertas ilusórias nas suas negaciadas, possa apresentar uma linguagem corporal, afirmando-se na contradição da circunstância de “não querer” ser ou fazer algo, para angariar confiança as vezes quase cega do outro, pela crênça que desenvolve nele de que nenhum perigo se sucederá, mas que em verdade, a malícia ronda uma cituação frágiu no jogo para se manifestar claramente. A condição negaciar, portanto, produzida pelo negaciador,isto é, pelo capoeirista, surgiria aqui na ação que se desdobraria desde a recusa instintiva ou natural que o mesmo aprende para manutenção de sua vida emocional e física no jogo da capoeira, bem como no jogo da vida. E, esboçando determinados comportamentos na matreiragem da aparente desorganização de seu jogo, atrai e destraí o outro de um modo tão refinado, que para o negaciador, não seria a negaça o ato ou o efeito tão-só de enganar em si mesmo ou o ponto central da questão, mas os meios pelos quais se expressa a arte na Capoeira, e com ela, as capacidades do capoeirista.
      
      O Grupo Negaça Capoeira para alguns, poderá pois, ficar em termos de significado – negaça –, enserrado nas afirmações dicionarizadas. Situação esta que não nos impele a perder tempo com contendas. Porquanto, não somente a palavra negaça e suas derivadas como dissemos acima, mas todas num só sentido representativo e simbólico, tráz para os líderes do Grupo Negaça Capoeira, o espírito do saber viver; e de querer permanecer vivo pela sua condição de imortalidade; utilizando-se da arte de negaciar com a vida e as pessoas, não somente como defesa física ou emocional, tampouco para vencer a tudo e a todos, mas para tentarmos contrabalancar os pólos positivos e negativos da condição humana, bem como o caracter afirmativo-negativo poetizado na filosofía da Capoeira por Mestre Pastinha, quando se referio à saga do capoeirista no jogo. O Negaça Capoeira seria, em ultima instância, um veículo simbólico-representativo da condição dialética da Capoeira, no campo dos seus vários saberes, atributos e das disciplinas científicas auxiliadoras na produção de novos conhecimentos. Que enrriquecem, ampliam e explicam com mais exatidão certas especialidades da Capoeira enquanto Entidade Cultural Esportiva de Caracter Mundial.  

sábado, 7 de abril de 2012

Comentário a um discurso (de Prates no sbt) azedo ao ensino da Capoeira em favelas...

      A mensagem do senhor Luis Carlos Prates, foi pejorativa e contraditória…
      Mas nos parece que Prates absorve fácil o que o rádio e a televisão (de sua preferência) transmite, e pela impropriedade posta na eloquência desatenciosa de sua fala, nos vemos na bondade de dizer-lhe para se inteirar mais dos fatos concernentes à História da Capoeira e sua força cultural educativa, a fim de que não cometa mais tolices como essa num canal de televisão nacional.

      Nos nossos dias, não temos nenhuma necessidade de ouvir comentários como este, que sugere ao lado do desvalor à Capoeira, certa dose de preconceito e inutilidade… Isso seria perante os direitos culturais e ao Ministerio da Cultura, ofensivo…  Pois como se sabe, a Capoeira foi registrada oficialmente como PATRIMÔNIO IMATERIAL DA CULTURA BRASILERA pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.    
       
      No entanto, o que se pode fazer para com os estrupícios da ignorância (sobre a Capoeira) nas críticas dos cégos que, tal como os cavalos em Roma, que antolhados para participarem das corridas de bigas e de quadrigas, só podiam olhar para frente, impossibilitados de ver o que se passava em volta…
        
      Prates já começa sua fala dizendo: “Rádios ligados de um lado, tevês ligadas de OUTO”. Por minha vez, não consigo entender como ele pode ouvir ao mesmo tempo, alguns “Rádios ligados de um lado”, e ver o que se passa não sei em quantas “tevês ligadas de OUTO”. Para quem fala “tevês ligadas de OUTO” ao invés de outro, não podemos presumir da desateção…
       
      Ao mensionar os projetos, comenta: “ Guris e gurias batendo tambor; guris e gurias na Capoeira.  Este é o projeto educacional na favela… Mas onde é que essas crianças vão chegar na vida batendo tambor? Isto é perda de tempo”. Mas Prates parece ter o dom do esquecimento, e numa fala posterior assegura ter ouvido um economista dizer: “é imperioso que deflagremos um movimento nacional pela qualificação”. Essa qualificação por ele referida, seria “melhorar a proficiência profissional […] leva-las (as pessoas) para descobrir UMA ARTE, uma ciência, o que for que conduza a pessoa para a independência futura e financeira”. Bom, não sei se Prates sabe que para ter “proficiência”, isto é, perfeito conhecimento numa coisa, como na area educacional, por exemplo (por ele sugerida), […] ou ser proficiênte (hábil, competente) numa arte, na leitura(também por ele tida como a salvação do futuro brasileiro), as pessoas necessitam não somente de bons livros ou materiais tecnológicos, mas de mediadores entre estes aparatos, pois livros e tecnologias por si mesmos nada podem produzir se aqueles que os possuem ignoram como usufruí-los…
      
      Quem disse, todavia, que somente “leitura, livros, tecnologia, ciência” como assegura o senhor Prates garantem o futuro de um pais? "Tem-se dito," assegura o filosofo Humberto Rodhen, “que abrir uma escola é fechar uma cadeia. Infelismente, isto não é verdade. Os grandes criminosos e malfeitores da humanidade não foram, geralmente, analfabetos; muitos deles eram homens de elevada erudição” (1989:44, Educação do Homem Integral)
       
      Não vemos aqui, como o proficiênte Prates, sabe o que é Arte, tampouco o que seja Capoeira, mas falar com tanta descortesia de uma DAS MAIORES EXPRESSÕES DA CULTURA POPULAR ARTISTICA BRASILEIRA, dizendo que “é perca de tempo” a sua prática, e depois mensionar que se deve encorajar as pessoas “PARA DESCOBRIR UMA ARTE”, mostra que ele nem sabe o que fala sobre Capoeira, tanto quanto ver-se que ele ignora o que seja Arte.
       
      Ele afirma que a Educação coreana (a do sul, pois segundo ele a do norte nao presta…) da um galope na brasileira. Será justo dizer que desde que a Coreia do Sul após a Segunda Guerra Mudial começou a ser apoiada pelos americanos, pois estava nas mãos dos Japoneses, o seu sistema sócio-educativo cresceu. E daqueles paises da Asia Oriental, foi o que mais se destacou no sistema educacional. Contudo, o exemplo que Prates usa para mostrar que a Educação da Coreia do Sul da um galope na Educação brasileira, não parece com outra coisa se não normas simbolizadoras do termino de tarefas(olhem a fala dele), mas convenhamos: um símbolo que normatiza a finalização de uma tarefa, não pode da a qualidade à própria tarefa; é apenas o que está no final e não nos processos... E, ainda que bandeirinha dessa ou daquela cor dizendo que aluno terminou sua tarefa fosse o carro chefe da educação coreana (o que não corresponde ao real sistema), isto não pode ser, em si mesmo, o que se entende por Educação, pois “ Uma [das] preocupações básicas” desta, “pelo contrário, deve ser o aprofundamento da tomada de consciência que se opera nos homens enquanto agem, enquanto trabalham” (Freire, 1982:76, Extensão ou Comunicação?). Ou como queria Sócrates, seria a arte de fazer despertar valores que se encontram em estado embrionário ou latente na alma humana.
      
      As bandeirinhas mensionado, não podem e não tem como representar o sistema educacional da Coreia do Sul, tampouco que isso sirva de base para dar um “galope na educação brasileira” . Talvez o senhor Prates esteja confuso sobre o que vem a ser Educação e normas de uma sociedade. Ou como poderiamos acreditar que um habitante da Arábia Saldita da um galope nos japoneses em relação a terem mais mulheres, se pode sustentá-la, segundo a descrição do próprio Alcorão? Ou ainda como diria Laplantine, que “Na europa, ao penetrar uma igreja, observamos que os fieis tiram o chapéu, e permanecem com os sapatos. Inversamente, em uma mesquita, os muculmanos tiram os sapatos e permanecem com o chapéu”(2007:123-124, Aprender Antropologia). Quem seria melhor ou pior por adotar certos modos sociais que condizem com seus sistemas de vida?
      
      Prates, quem sabe, não tenha nenhum paixão pela Capoeira, pois que recomenda fazer “o que for que conduza a pessoa para a [sua] independência futura e financeira”, menos bater tambor e ficar na Capoeira, não pode fazer os capoeiristas pensarem diferente. Ora, para quem fora demitido da TV RBS, afiliada da Globo em Santa Catarina, acusado de preconceito, pois "culpou" durante um telejornal os pobres por mortes no trânsito, o que devemos esperar?...
       
      Despedimo-nos de Prates e dos seus admiradores, dizendo que as tirnas dos senhores de outrora, ainda remanecem na crista descortez dos senhores do nosso tempo, que entronados em areia movediça, chacoalhan-se sem querer cair do seu pedestal, e tal como diria Rousseau em A Origem das Desigualdades entre os Homens, olham para os outros do auto, vendo-os em baixo, criando assim, a praga da desigualdade… Não somente de cor e raça, mas de posição social…
      

Pelo Ideal Capoeiristico, att: Mestre Chiãozinho